Timor
do labirinto escolhe-se o mar
no cais deserto fica o desejo
da terra quente por conquistar
Nobre soldado que vens senhor
por sobre as asas do teu dragão
beijas os corpos no chão queimados
nunca serás o nosso perdão
Em Timor
calam-se as vozes dos teus avós
Em Timor
se outros calam cantemos nós
Salgas os ventres que não tiveste
ceifando os filhos que não são teus
nobre soldado nunca sonhaste
ver uma espada na mão de Deus
Da cruz se faz uma lança em chamas
que sangra o céu no sol do meio dia
do meio dos corpos a mesma lama
leito final onde o amor nascia
Em Timor
calam-se as vozes dos teus avós
Em Timor
se outros calam cantemos nós (x4)
Luta pela independência de Timor-Leste
O conflito armado em Timor-Leste teve início em 1975, em consequência da invasão da Indonésia, apesar de, desde 1945, o governo indonésio, em obediência ao Direito Internacional, afirmar à ONU e a outras instituições não ter qualquer reivindicação territorial sobre Timor Oriental.
Em 1960 Timor-Leste foi considerado pelas Nações Unidas como um território não autónomo sob administração portuguesa. De 1962 a 1973, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou, sucessivamente, diversas resoluções que reconheciam o direito à autodeterminação de Timor-Leste.
Após a Revolução de 25 de abril de 1974 em Portugal, as colónias portuguesas ficaram independentes, e o mesmo se pensaria acontecer com Timor Oriental. Surgiram três partidos políticos em Timor-Leste, a União Democrática Timorense (UDT), a Associação para a Integração de Timor na Indonésia (primeiramente apelidada AITI e mais tarde denominada APODETI) e a Frente de Libertação de Timor Leste (FRETILIN).
Em 1975, o desentendimento entre os diferentes partidos políticos agravou-se e começou a guerra civil. Impotente perante os factos, a administração portuguesa abandonou Timor e, em 28 de novembro de 1975, a FRETILIN declarou a independência da República Democrática de Timor-Leste. Dez dias depois a Indonésia invadiu o território.
Depois da ocupação do território, organizou-se a resistência maubere, que se instalou nas montanhas de Timor, liderada por Xanana Gusmão.
A 12 de novembro de 1991 deu-se o massacre de Santa Cruz, cujas imagens foram filmadas e divulgadas pelo mundo todo. Durante uma manifestação a favor da independência de Timor-Leste as forças de segurança indonésia abriram fogo contra civis desarmados, causando a morte de cerca de 250 timorenses. Em novembro do ano seguinte, Xanana Gusmão foi capturado e enviado para Cipinang, a prisão indonésia de mais alta segurança. Estes acontecimentos foram decisivos para a tomada de consciência do genocídio e da fome causados por duas décadas de ocupação indonésia, há muito denunciados pela Diocese de Díli. Também o governo português procurou chamar a atenção da Comunidade Internacional para a violação dos Direitos do Homem que se estava a verificar em Timor-Leste.
O general Suharto manteve-se no poder até 1998, altura em que foi substituído pelo então vice-presidente Habibie. Com este novo líder o regime começou a dar sinais de abertura, e Habibie admitiu a realização de um referendo em Timor-Leste, a 30 de agosto de 1999, para que o povo pudessse optar entre a integração ou a autonomia.
No início de 1999, Xanana Gusmão passou para prisão domiciliária, vindo a ser libertado no início de setembro desse mesmo ano, dias após o referendo sobre a autodeterminação do povo timorense,
Os conflitos internos continuaram, com a organização de milícias pró-integracionistas, cujo objetivo era intimidar a população para que o seu sentido de voto no referendo fosse de recusar a autodeterminação.
Em maio de 1999 foram enviados para Timor os representantes das Nações Unidas, para fazer a observação da situação maubere e em junho iniciaram a preparação do referendo que se realizou a 30 de agosto de 1999. Em algumas regiões do território decorreu pacificamente, embora noutras se tivessem verificado represálias por parte dos integracionistas.
No dia 4 de setembro, a comissão da ONU anunciou os resultados do referendo, que foram de 78,5% de votos a favor da independência de Timor-Leste. Este resultado provocou uma reação violenta por parte das milícias pró-integração. Seguiu-se um período de violência contra a população timorense, logo condenada pela Comunidade Internacional.
No dia 15 de setembro, o Conselho de Segurança das Nações Unidas adotou a Resolução 1264 (1999), na qual, entre outros pontos, condenou todos os atos de violência perpetrados em Timor-Leste e apelou ao seu fim, exigindo que os responsáveis fossem apresentados à justiça; reconheceu a necessidade de assistência humanitária para os refugiados de Timor-Leste; autorizou uma força multinacional para restaurar a paz, que entrou no território no dia 19 de setembro de 1999, e responsabilizou as autoridades indonésias pela segurança do regresso dos refugiados timorenses.
Fonte: Porto Editora – Luta pela independência de Timor-Leste na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. [consult. 2022-11-04 03:21:50]. Disponível em
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