Festa do Pai Nosso | 2015

Meditando o Pai Nosso


De pecadores que somos, mas perdoados em Cristo, podemos levantar os olhos para o Pai e dizer “Pai Nosso!”. A “Oração perfeita” brotou do coração de Jesus quando um dos discípulos pediu-lhe que os ensinassem a rezar (Lc 11,1).
São pedidos perfeitos ao Pai. Saudamos a Deus como Pai – uma ousadia de amor – e lhe fazemos três pedidos para a Sua Glória e realização de Sua Santa Vontade, e mais quatro pedidos para as nossas necessidades.
Santo Agostinho disse que o Pai-Nosso é a síntese do Evangelho: “Percorrei todas as orações que se encontram nas Escrituras, e eu não creio que possais encontrar nelas algo que não esteja incluído na Oração do Senhor.” De um lado Jesus ensina-nos uma “vida nova”, por palavras, e por outro lado ensina-nos a pedi-la ao Pai na oração, para a podermos viver.


É a oração dos filhos de Deus, que deve ser rezada com o coração, na intimidade com o Pai, para que se torne em nós “espírito e vida”; pois o Pai enviou aos nossos corações o Espírito do Seu Filho que clama em nós Abba, Pai (Gl 4,6), e nos fez seus filhos adotivos em Jesus Cristo.
O Catecismo diz que “A oração dominical é a mais perfeita das orações… Nela, não só pedimos tudo quanto podemos desejar corretamente, mas ainda segundo a ordem, em que convém deseja-lo. De modo que esta oração não só nos ensina a pedir mas ordena também todos os nossos afetos” (§2363).
No Pai-Nosso Jesus revela que conhece as nossas necessidades e as revela a nós. É uma oração da comunidade, pois não dizemos “Meu Pai”, mas “Pai Nosso”.


É Jesus quem nos dá a ousadia de chamar Deus de Pai, porque só Ele, “depois de ter realizado a purificação dos pecados" (Hb 1,3), pode nos introduzir diante da face do Pai: “Eis-me aqui com os filhos que Deus me deu” (Hb 2,13). Chamar a Deus de Pai é a oração do Espírito Santo em nós. “Não recebestes um espírito de escravidão para viverdes ainda no temor, mas recebestes o espírito de adoção pelo qual clamamos: Abba! Pai! O Espírito mesmo dá testemunho ao nosso espírito de que somos filhos de Deus” (Rm 8,15-16). Isto leva-nos a ter diante do Pai uma simplicidade sem rodeios, uma confiança filial, uma segurança jovial e uma audácia humilde, porque tem certeza de ser amado” (cf. CIC §2778).
Quem é o Pai? Jesus disse que “ninguém conhece o Pai senão o Filho e a quem o Filho quiser revelar” (Mt 11,27); especialmente aos pequeninos (Mt 11,25).
Orar ao Pai é entrar no seu mistério, como Ele é, como Jesus o revelou. A glória de Deus é que nós o reconheçamos como Pai. Demos-lhe graças por nos ter revelado isso e ter-nos concedido, crer Nele e por sermos habitados por Ele (1 Cor 3,16). Ele nos fez renascer para a Sua vida, adotando-nos como filhos em Jesus Cristo – “filhos no Filho” – pelo Batismo. Assim nos incorporou no Corpo do Seu Filho e pela Unção do Espírito Santo fez-nos de nós cristãos. Por isso podemos chamar Deus de Pai. Pode haver alegria e honra maiores? Isto exige de nós uma atitude de filhos, e não de escravos ou mercenários.


São Cipriano de Cartago (210-258), no seu Tratado sobre a Oração do Senhor, diz:
“O homem novo, renascido e, por graça, restituído a seu Deus, diz, em primeiro lugar, Pai!, porque já começou a ser filho. “Veio ao que era seu e os seus não o receberam. A todos aqueles que o receberam, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, aqueles que creem em seu nome.” (Jo 1,12). Quem, portanto, crê em seu nome e se fez filho de Deus, deve começar por aqui, isto é, por dar graças e por confessar-se filho de Deus ao declarar ser Deus o seu Pai nos céus.”

Prof. Felipe Aquino





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