125 Azul
Foi sem mais nem menos
que um dia selei
a 125 azul.
Foi sem mais nem menos
que me deu para arrancar
sem destino nenhum.
Foi sem graça
nem pensando na desgraça
que entrei pelo calor.
Sem pendura,
que a vida já me foi dura
p'ra insistir na companhia.
O tempo não me diz nada
nem o homem da portagem
nem a entrada na autoestrada.
A ponte ficou deserta,
nem sei mesmo se Lisboa
não partiu para parte incerta.
Viva ao espaço
que me fica pela frente
e não me deixa recuar.
Sem paredes
sem ter portas nem janelas
nem muros para derrubar.
Talvez,
um dia me encontre.
Assim,
talvez me encontre
Curiosamente dou por mim pensando
onde isto me vai levar.
De uma forma ou de outra
há de haver uma hora
para a vontade de parar.
Só que à frente
o bailado do calor
vai me arrastando para o vazio
e com o ar na cara
vou sentindo desafios
que nunca ninguém sentiu.
Talvez,
um dia me encontre.
Assim,
talvez me encontre
Entre a dúvida do que sou e onde quero chegar
um ponto preto quebra-me a solidão do olhar.
Será que existe em mim um passaporte p'ra sonhar
e a fúria de viver é mesmo fúria de acabar.
Foi sem mais nem menos
que um dia selou
a 125 azul.
Foi sem mais nem menos
que partiu sem destino nenhum.
Foi com esperança
sem ligar muita importância
àquilo que a vida quer.
Foi com força
acabar por se encontrar
naquilo que ninguém quer.
Mas Deus leva o que ama.
Só Deus tem os que mais ama.
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