As Bem-aventuranças (Mt 5)



Reflexão do Papa Francisco sobre as Bem-aventuranças:
"«Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.» Podemos perguntar-nos como pode ser feliz uma pessoa pobre de coração, cujo único tesouro é o Reino dos Céus. O motivo é precisamente este: tendo o coração despojado e livre de tantas coisas mundanas, essa pessoa está à espera do Reino dos Céus.

«Felizes aqueles que choram, porque serão consolados.» Como podem ser felizes aqueles que choram? Todavia, quem na vida nunca experimentou a tristeza, a angústia, a dor, nunca conhecerá a força da consolação. Felizes, por seu lado, podem ser quantos têm a capacidade de se comoverem, a capacidade de sentir no coração a dor que está na sua vida e na vida dos outros. Estes serão felizes! Porque a terna mão de Deus consolá-los-á e acariciá-los-á.

«Felizes os mansos.» E nós, ao contrário, quantas vezes somos impacientes, nervosos, sempre prontos a lamentar-nos! Para os outros temos muitas reivindicações, mas quando nos tocam, reagimos levantando a voz, como se fossemos os donos do mundo, quando na realidade somos todos filhos de Deus.

Pensemos antes naquela mãe e naquele pai que são tão pacientes com os filhos, "que os enlouquecem". Este é o caminho do Senhor: o caminho da humildade e da paciência. Jesus percorreu esta via: em pequeno, suportou a perseguição e o exílio; e depois, adulto, as calúnias, as armadilhas, as falsas acusações em tribunal; e tudo suportou com mansidão. Suportou por nosso amor até a cruz.

«Felizes aqueles que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.» Sim, aqueles que têm um forte sentido da justiça, e não só para com os outros, mas antes de tudo para consigo próprios, serão saciados porque estão prontos a acolher a maior justiça, aquela que só Deus pode dar.

E depois, «felizes os misericordiosos, porque encontrarão misericórdia». Felizes aqueles que sabem perdoar, que têm misericórdia com os outros, que não julgam tudo e todos, mas procuram meter-se na pele dos outros. O perdão é a coisa de que todos temos necessidade, ninguém excluído. Por isso, no início da missa reconhecemo-nos por aquilo que somos, isto é, pecadores. E não é uma maneira de dizer, uma formalidade: é um ato de verdade. «Senhor, eis-me aqui, tem piedade de mim.» E se sabemos dar aos outros o perdão que pedimos para nós, somos felizes. Como dizemos no "Pai-nosso": «Perdoai os nossos pecados, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido».

«Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.» Olhemos o rosto daqueles que semeiam cizânia: são felizes? Aqueles que procuram sempre as ocasiões para enganar, para se aproveitarem dos outros, são felizes? Não, não podem ser felizes. Ao contrário, aqueles que cada dia, com paciência, procuram semear paz, são artesãos de paz, de reconciliação, estes sim, são felizes porque são verdadeiros filhos do nosso Pai do Céu, que semeia sempre e só paz, ao ponto de ter enviado o seu Filho ao mundo como semente de paz para a humanidade.

Caros irmãos e irmãs, esta é a estrada da santidade, e é a mesma estrada da felicidade. E o caminho que Jesus percorreu, na verdade, é Ele mesmo esse caminho: quem caminha com Ele e passa através dele entra na vida, na vida eterna. Peçamos ao Senhor a graça de sermos pessoas simples e humildes, a graça de saber chorar, a graça de sermos mansos, a graça de trabalhar pela justiça e a paz, e sobretudo a graça de nos deixarmos perdoar por Deus para nos tornarmos instrumentos da sua misericórdia."



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