Para rezar junto à manjedoura
Que teus olhos, Menino, ensinem largueza
e altura aos meus olhos.
Que teus olhos curem os meus
da fadiga e dos seus filtros.
Que teus olhos desimpeçam a visão
fragmentária, parcial e indecisa.
Que teus olhos devolvam aos meus olhos
o vento azul da viagem e a sua alegria.
Devolvam o real como anel aberto
em vez dos círculos obsidiantes e fechados.
Devolvam o aberto como imagem
e programa.
Que teus olhos, Menino, ensinem aos meus
o seu natal.
José Tolentino Mendonça
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