A Santíssima Trindade


Fonte: zenit.org

SANTÍSSIMA TRINDADE
É celebrada no primeiro domingo depois de Pentecostes como um olhar retrospectivo de uma ação de graças sobre todo o mistério salvífico que o Pai opera no Filho pelo Espírito Santo. É uma festividade que foi introduzida no Calendário Romano em 1334, pelo papa João XXII, e que ainda é celebrada. Há factos históricos, na vida da Igreja que, em determinado tempo, foram motivos de apreensão e riscos contra a fé, por outro lado, esses riscos motivaram uma afirmação doutrinária consubstanciada no Plano de Salvação. Nos séculos III, IV e V surgiram controvérsias cristológicas e trinitárias, provocadas por heresias, como o Monarquianismo Modalista (ou Sabelianismo) do século III, afirmando que o Pai, Filho e Espírito Santo são simplesmente três aspectos ou manifestações da existência de uma só pessoa, Deus. Defendiam uma unidade de substância, negando as três Pessoas. Ário, que deu origem à heresia conhecida como arianismo, afirmava que Cristo era apenas homem, semelhante ao Pai, mas um ser criado. Cristo não tem alma, o Verbo substitui a alma. Heresia muito popular no seu tempo. Com essas heresias, defesa sistemática de tese ou doutrina errónea em face da doutrina dogmática da Igreja, a própria Igreja se vê na obrigação de afirmar os princípios da fé revelados na Sagrada Tradição e Sagrada Escritura, com a proclamação dogmática, depois de criterioso estudo. Foi o que aconteceu com os concílios de Nicéia em 335, Constantinopla em 381, Calcedónia em 451, e muitos Padres da Igreja, como Santo Atanásio, Basílio, Crisóstomo, Agostinho.
O Catecismo da Igreja Católica, no número 234, ensina que “o mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em sim mesmo. Portanto é a fonte de todos os outros mistérios da fé. É a luz que os ilumina. É o ensinamento mais fundamental e essencial na hierarquia das verdades da fé”. Se quisermos chegar à fonte que nos alimenta, dando vigor espiritual para viver em plenitude o amor de Deus, basta seguir o caminho mais curto com a aproximação do Mistério Trinitário. Pois a fé católica consiste em venerar um só Deus na Trindade, e a Trindade na Unidade, sem confundir as Pessoas e sem separá-las.
Resumindo o mistério celebrado nos três ciclos anuais, A, B e C, encontramos nas leituras dominicais uma síntese: o amor salvador do Pai que entrega seu Filho por nós, que, por sua vez, confia aos seus discípulos a missão de pregar por todo o mundo, como resposta do mistério festivo, pois tudo o que ele recebeu do Pai é dado aos discípulos pelo Espírito da Verdade.
A CATEQUESE TRINITÁRA
Deus é Tri-Uno. É indivisível. É um, embora sejam três pessoas distintas uma das outras, mas um só Deus. É a Trindade. No acto da criação estava a Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Mas, pelo relato bíblico, somente o Pai é manifestado, como acontece em todo o Antigo Testamento. Israel não conheceu a Trindade.
A revelação que Deus faz de si mesmo aos homens se dá paulatinamente e de forma progressiva, para que o homem possa assimilar e absorver o seu mistério. Deus não se revela totalmente, desde o começo. Dá tempo ao homem, em cada etapa da Revelação, para que ele possa responder ao seu gesto de amor. É a pedagogia de Deus. Este é o mistério do Deus que se manifesta como vemos no Catecismo da Igreja: “A Trindade é um mistério de fé, no sentido estrito, um dos ‘mistérios escondido em Deus, que não podem ser conhecidos se não forem revelados pelo alto’ (DS, 3015). Sem dúvida Deus deixou vestígios de seu ser trinitário na sua obra da Criação e na sua Revelação ao longo do Antigo Testamento. Mas a intimidade do seu Ser como Santíssima Trindade constitui um mistério inacessível à pura razão e até mesmo à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo” (CIC, n.237).
No Mistério Trinitário centraliza toda a vida da Igreja. A história da salvação só é compreendida na Trindade, onde há um Deus Criador, um Deus Salvador e um Deus Santificador: um Deus invisível em três Pessoas. Não são três indivíduos, mas três Pessoas inseparáveis. Não são três nomes, mas uma Trindade indivisível como vemos no mandato de Cristo: “baptizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19).
A Trindade está impregnada em nossa vida como uma marca, um selo cravado no coração e na alma. Ela deveria ser mais consciente e abundante na devoção popular, não como um gesto repetitivo, mas enraizado e sensível. A Trindade está no nosso Baptismo, pois foi com ela que entramos para a Igreja. Está no sinal que traçamos sobre nós ao fazermos o sinal da cruz. Está no início e no final de todas as nossas orações. Está nas nossas orações antes do trabalho. Está no começo e no final da Missa. Está em toda a doxologia: Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo!

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