Estudo do Catecismo da Igreja Católica (§ 185 - § 197)





Os Símbolos da Fé no Catecismo da Igreja Católica


A profissão de fé cristã é uma dimensão fundamental da vida cristã. No seu Catecismo, a Igreja Católica dedica uma secção específica a explicar o papel dos símbolos da fé e o modo como a fé é confessada e transmitida de geração em geração.


1. A natureza da Profissão de Fé

O Catecismo começa por recordar que, quando um cristão proclama "Creio", ele não está a simplesmente dizer uma fórmula, mas a dar a sua adesão pessoal e comunitária àquilo em que a Igreja crê. Esta expressão de fé é, ao mesmo tempo, uma afirmação pessoal e uma participação na fé comum de toda a comunidade cristã.
A comunhão na fé exige uma linguagem comum, uma linguagem normativa que una todos os cristãos na mesma confissão. Sem esta linguagem partilhada da fé, seria difícil para a comunidade cristã permanecer unida na sua crença e no seu testemunho.


2. Sínteses da Fé: fórmulas e resumos

Desde os primórdios, a Igreja apostólica transmitiu a sua fé em fórmulas breves e normativas. Estas fórmulas serviam para ensinar, recordar e professar os fundamentos da fé nos primeiros tempos da Igreja.
Rapidamente, essas expressões simples tornaram-se em resumos mais elaborados e articulados, especialmente preparados para os candidatos ao Baptismo. O Catecismo sublinha que estas sínteses não resultaram de opiniões humanas, mas foram retiradas de toda a Escritura aquilo que nela existe de mais essencial. Assim, esses resumos são expressão fiel da fé bíblica e apostólica.
A imagem usada é significativa. Assim como uma pequena semente de mostarda contém muitos ramos, também o resumo da fé, em poucas palavras, encerra a totalidade da verdade revelada nas Escrituras.


3. Profissões de Fé, Credo e Símbolos

Estas sínteses da fé são chamadas de "profissões de fé", pois resumem aquilo que os cristãos crêem e confessam. Geralmente começam com a palavra Credo ("Creio"), e por isso são frequentemente designadas por essa palavra.
São também chamados símbolos da fé. A palavra símbolo vem do grego symbolon, que originalmente significava uma metade de um objeto partido, como uma moeda ou selo, usada como sinal de reconhecimento ou identificação entre duas partes que se completam.
Assim, o símbolo é não só um sinal de identificação e comunhão entre os crentes, mas também um sumário das principais verdades da fé. Como tal, ele torna-se um referencial fundamental para a catequese e para a vida cristã.


4. O Símbolo como Símbolo Batismal

O primeiro momento em que um cristão professa a fé é no Baptismo. Por isso, o símbolo da fé é, antes de mais, o símbolo batismal. O Baptismo é administrado "em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" e, por isso, as verdades de fé nele professas articulam-se segundo a sua referência às três Pessoas divinas da Santíssima Trindade.

O Símbolo divide-se, portanto, em três partes principais:
- a primeira parte refere-se à Pessoa de Deus Pai e à obra admirável da criação;
- a segunda parte centra-se na Segunda Pessoa divina (Jesus Cristo) e no mistério da Redenção.
- a terceira parte fala da Terceira Pessoa divina (o Espírito Santo) fonte e princípio da nossa santificação.

Estas três partes são comparadas a três capítulos do "nosso selo batismal", que articulam a vida cristã inteira sob a luz da Santíssima Trindade.


5. Estrutura em artigos

O Símbolo está estruturado em artigos: termos usados desde os primeiros Padres da Igreja para distinguir as verdades particulares que compõem a profissão de fé. Esta divisão ajuda os fiéis a compreender e articular cada verdade específica da fé.
Uma antiga tradição, atestada por Santo Ambrósio, enumera doze artigos do Credo, simbolizando assim o conjunto da fé apostólica, em analogia com os doze Apóstolos.


6. A diversidade dos Símbolos da Fé

Ao longo dos séculos, a Igreja elaborou muitos símbolos e profissões de fé conforme as necessidades de cada época. Existem símbolos próprios das primeiras Igrejas cristãs, o chamado símbolo Quicumque (atributo a Santo Atanásio), e diversas profissões de fé conciliares ou papais, como a Fides Damasi ou o Credo do Povo de Deus de Paulo VI em 1968.
O Catecismo sublinha que nenhum destes símbolos é ultrapassado ou inútil. Todos ajudam a aprofundar a fé de sempre, oferecendo diversas maneiras de sintetizar e confessar os mesmos fundamentos dogmáticos.


7. Dois Símbolos de destaque

Entre os muitos símbolos existentes, dois têm um lugar especial:
- o Símbolo dos Apóstolos: é considerado o resumo fiel da fé dos Apóstolos e é o antigo símbolo baptismal da Igreja de Roma. A sua autoridade histórica vem precisamente do facto de ter sido adotado pela Igreja romana, onde São Pedro exerceu a sua missão apostólica.

- o Símbolo de Niceia-Constantinopla: chamado normalmente Credo Niceno-Constantinopolitano, tem a sua autoridade nos dois primeiros Concílios ecuménicos (Niceia, 325; Constantinopla, 381). Este Credo é hoje comum a todas as grandes Igrejas do Oriente e do Ocidente, sendo mais explícito e detalhado em várias verdades da fé.


8. Recitar o Credo e a vida cristã

Por fim, o Catecismo liga a recitação do Credo à vida cristã total. Tal como no dia do Baptismo nos foi confiada uma "regra de doutrina", recitar com fé o Símbolo da fé é entrar em comunhão com Deus Pai, Filho e Espírito Santo e entrar em comunhão com toda a Igreja, que nos transmite a fé em cujo seio cremos.
Segundo Santo Ambrósio, o Símbolo é o selo espiritual, a meditação do nosso coração e o guardião sempre presente da nossa alma, ou seja, o verdadeiro tesouro para o cristão.



Catarina Pereira e Manuel Sampaio
Catequese e Família



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