O Ministério do Leitor #04


5.11 A liturgia da Palavra começa com a primeira leitura e termina pela oração universal, quando esta se faz. As leituras são proclamadas a partir do Leccionário, colocado no ambão antes da Missa. Colocado e devidamente marcado.
O primeiro leitor só deve deslocar-se para fazer a primeira leitura quando tiver terminado a oração Colecta, da qual faz parte o Amen da assembleia. Não é agradável, nem ajuda a celebração, vê-lo já a caminhar, para o ambão, quando o presidente ainda ora ao Pai, em nome e na pessoa de Cristo. Pormenores como estes são bons indicadores para percebermos se os ministros da celebração já descobriram o espírito da sagrada liturgia, da acção litúrgica em geral, e de cada celebração em particular [nn. 23, 41, 386, 387, 396], espírito esse que não se confunde nem com o desprezo das rubricas, nem tão pouco com a sua meticulosa observância, pois está para além dos textos, embora se encontre também neles.
Nos domingos e solenidades, o leitor deve cantar Palavra do Senhor, no fim de cada leitura, e, se souber, também o início da leitura (p. ex. “Leitura do Livro do Génesis” ou, no caso do diácono ou do presbítero, “Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. Mateus”), pormenor que a Instrução omite sempre, apesar da sua importância para dar beleza e amplitude às leituras.
Uma tal omissão significa que, mesmo nos documentos litúrgicos oficiais, haverá sempre pormenores a completar ou a corrigir. Não desconhecemos que, no n. 38 da Instrução, se diz: «nas rubricas e normas que se seguem, as palavras “dizer” ou “proferir” devem ser entendidas como referentes quer ao canto quer à simples recitação». Mas não tinha custado nada dizê-lo expressamente em relação ao título da leitura ou do Evangelho, nos lugares próprios da descrição do rito, tal como se faz, nesta edição, relativamente ao final dessas mesmas leituras.

«Terminada a oração colecta, todos se sentam... Entretanto, o leitor vai ao ambão e, a partir do Leccionário aí colocado antes da Missa, proclama a primeira leitura, que todos escutam. No fim, o leitor profere a aclamação: Palavra do Senhor (Verbum Domini), e todos respondem:
Graças a Deus (Deo gratias). Pode então observar-se, se for oportuno, um breve espaço de silêncio, para que todos meditem brevemente no que ouviram» (IGMR 128: cf. EDREL 372).

«Na escolha das partes que efectivamente se cantam, dê-se preferência às mais importantes, sobretudo às que devem ser cantadas pelo... leitor, com resposta do povo» (IGMR 40: cf. EDREL 302).


5.12 Embora a Instrução fale sempre de “o leitor”, o que poderia dar a impressão de que este é único e sempre o mesmo, tenha-se em conta que os leitores são vários, ou que, pelo menos, podem sê-lo: o da primeiro leitura, o da segunda leitura, o do Evangelho (diácono ou presbítero), o do salmo responsorial (particularmente quando não é cantado), e o leitor das intenções da oração universal.
Se é verdade que há cristãos cultos na assembleia que jamais fizeram fosse o que fosse em favor dela, há outros que sofrem duma espécie de sofreguidão. Se os deixassem liam tudo e faziam tudo. Nem uma coisa nem outra é boa. Mas há que reconhecer que não é fácil levar quem nada quer fazer a fazer alguma coisa, e quem gostaria de fazer tudo a contentar-se com pouco. Os textos que vão seguir-se possuem, quase todos, a forma verbal “pode”, a qual indica uma hipótese, uma possibilidade. 

«Então, o salmista ou o próprio leitor recita o versículo do salmo, ao qual o povo responde habitualmente com o refrão» (IGMR 129: cf. EDREL 373).

«Se há segunda leitura antes do Evangelho, o leitor proclama-a do ambão. Todos escutam em silêncio e no fim respondem com a aclamação, como acima se disse (n. 128). A seguir, se for oportuno, pode observar-se um breve espaço de silêncio» (IGMR 130: cf. EDREL 374).

«[O leitor] lê do ambão as leituras que precedem o Evangelho. Na ausência do salmista, pode proferir o salmo responsorial, depois da primeira leitura» (IGMR 196: cf. EDREL 433).

«Na ausência do diácono, pode proferir do ambão as intenções da oração universal, depois da introdução feita pelo sacerdote (cf. nn. 71, 138)» (IGMR 197: cf. EDREL 434).

«Se não houver cântico de entrada nem da Comunhão e os fiéis não recitarem as antífonas que vêm no Missal, pode proferir, no momento próprio, estas antífonas (cf. nn. 48, 87)» (IGMR 198: cf. EDREL 435).


5.13 É muito desagradável ver, no ambão, o leitor à procura do texto que lhe pertence proclamar, virando as páginas do Leccionário. Igualmente desagradável é vê-lo interromper a leitura, molhar o dedo com saliva e virar a página. Tais gestos nunca deveriam fazer-se diante duma assembleia. Além
disso, os livros devem ser tratados com delicadeza, e deve pôr-se todo o cuidado em não os sujar, em não dobrar as páginas nem partir o papel.
Para evitar tudo isto é necessário que o leitor, antes de chegar à última linha, tenha já tomado a página entre o polegar e o indicador da mão direita para a virar, sem ruído, no momento próprio, e sem interromper o ritmo da leitura.

«A eficácia pastoral da celebração aumentará certamente, se a escolha das leituras... se fizer... de comum acordo com aqueles que têm parte activa na celebração... É necessário que, antes da celebração..., os leitores... saibam perfeitamente, cada um pela parte que lhe cabe, quais os textos que vão ser utilizados, não deixando nada à improvisação...» (IGMR 352: cf. EDREL 596).


5.14 Os textos que os leitores têm de ler não são todos iguais, nem pelo tamanho, nem pela mensagem, nem pelo género literário (verso ou prosa, texto narrativo ou épico, simples ou complexo, lírico ou despojado, denso de conceitos ou fácil de compreender, meditativo ou exortativo, com muito
ou pouco vocabulário, com nomes difíceis de pessoas ou de terras, com acentuação silábica conhecida ou desconhecida).
A acrescentar a estas hipóteses há ainda outras (edifícios amplos ou de tamanho reduzido, assembleias pequenas ou numerosas, celebração festiva ou simples, ambiente de alegria ou de dor, local bem sonorizado ou com péssima acústica).
Só há uma forma de responder a tantos problemas que as leituras podem colocar a cada leitor: a preparação remota e a preparação próxima.
Não se podem abordar, de ânimo leve, situações tão sérias e diversas. Fazer uma leitura é um acto de grande responsabilidade e de consequências imprevisíveis. Não o esqueças, leitor ou leitora, sejas tu jovem ou adulto, pessoa com um curso superior ou a simples instrução primária. A sorte da mensagem depende em grande parte de ti. Não defraudes a expectativa de tantas pessoas, cheias de boa vontade, que acabam de se sentar nos bancos da igreja, da catedral ou da capela, ou estão de pé no amplo santuário que tens à tua frente, interessadas em te ouvir proclamar com alegria, entusiasmo
e fé, a palavra do Senhor que te foi indicada.

«Nos textos que devem ser proferidos claramente e em voz alta...pelo leitor..., a voz deve corresponder ao género do próprio texto..., à forma de celebração e à solenidade da assembleia» (IGMR 38: cf. EDREL 301).


in O Ministério do Leitor
Secretariado Nacional de Liturgia




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