As tarefas fundamentais da catequese
As tarefas fundamentais da catequese são:
– Favorecer o conhecimento da fé
Aquele que encontrou Cristo deseja conhecê-Lo o mais possível, assim como deseja conhecer o desígnio do Pai, que Ele revelou. O conhecimento da fé (fides quae) é exigência da adesão à fé (fides qua). Já na ordem humana, o amor por uma pessoa leva a desejar conhecê-la sempre mais. A catequese deve levar, portanto, a «compreender progressivamente toda a verdade do projecto divino», introduzindo os discípulos de Jesus Cristo no conhecimento da Tradição e da Escritura, a qual é a «eminente ciência de Jesus Cristo» (Fil 3,8).
O aprofundamento no conhecimento da fé ilumina cristãmente a existência humana, alimenta a vida de fé e habilita também a prestar razão dela no mundo. A entrega do símbolo, compêndio da Escritura e da fé da Igreja, exprime a realização desta tarefa.
– A educação litúrgica
De facto, «Cristo está sempre presente em Sua Igreja, sobretudo nas acções litúrgicas». A comunhão com Jesus Cristo leva a celebrar a sua presença salvífica nos sacramentos e, particularmente, na Eucaristia. A Igreja deseja ardentemente que todos os fiéis cristãos sejam levados àquela participação plena, consciente e activa, que exigem a própria natureza da Liturgia e a dignidade do seu sacerdócio baptismal. Por isso, a catequese, além de favorecer o conhecimento do significado da liturgia e dos sacramentos, deve educar os discípulos de Jesus Cristo «à oração, à gratidão, à penitência, à solicitação confiante, ao sentido comunitário, à linguagem simbólica...», uma vez que tudo isso é necessário, a fim de que exista uma verdadeira vida litúrgica.
– A formação moral
A conversão a Jesus Cristo implica o caminhar na sua sequela. A catequese deve, portanto, transmitir aos discípulos as atitudes próprias do Mestre. Eles empreendem assim, um caminho de transformação interior, no qual, participando do mistério pascal do Senhor, «passam do velho para o novo homem aperfeiçoado em Cristo». O Sermão da Montanha, no qual Jesus retoma o decálogo e o imprime com o espírito das bem-aventuranças, é uma referência indispensável na formação moral, hoje tão necessária. A evangelização, «que comporta também o anúncio e a proposta moral», difunde toda a sua força interpeladora quando, juntamente com a palavra anunciada, sabe oferecer também a palavra vivida. Este testemunho moral, para o qual a catequese prepara, deve saber mostrar as consequências sociais das exigências evangélicas.
– Ensinar a rezar
A comunhão com Jesus Cristo conduz os discípulos a assumirem a atitude orante e contemplativa que adoptou o Mestre. Aprender a rezar com Jesus é rezar com os mesmos sentimentos com os quais Ele se dirigia ao Pai: a adoração, o louvor, o agradecimento, a confiança filial, a súplica e a contemplação da sua glória. Estes sentimentos se reflectem no Pai Nosso, a oração que Jesus ensinou aos discípulos e que é modelo de toda oração cristã. A «entrega do Pai Nosso», resumo de todo o Evangelho, é, portanto, verdadeira expressão da realização desta tarefa. Quando a catequese é permeada por um clima de oração, o aprendizado de toda a vida cristã alcança a sua profundidade. Este clima se faz particularmente necessário quando o catecúmeno e os catequizandos encontram-se diante dos aspectos mais exigentes do Evangelho e se sentem fracos, ou quando descobrem, admirados, a acção de Deus na sua vida.
Outras tarefas fundamentais da catequese: iniciação e educação à vida comunitária e à missão
A catequese torna o cristão idóneo a viver em comunidade e a participar activamente da vida e da missão da Igreja. O Concílio Vaticano II aponta a necessidade, para os pastores, de «desenvolver devidamente o espírito de comunidade» e para os catecúmenos, de «aprender a cooperar activamente na evangelização e na edificação da Igreja».
– A educação para a vida comunitária
a) A vida cristã em comunidade não se improvisa e é preciso educar para ela, com cuidado. Para esta aprendizagem, o ensinamento de Jesus sobre a vida comunitária, narrado pelo Evangelho de Mateus, requer algumas atitudes que a catequese deverá inculcar: o espírito de simplicidade e de humildade («e não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças...», Mt 18,3); a solicitude pelos pequeninos («Caso alguém escandalize um desses pequeninos que crêem em mim...», Mt 18,6); a atenção especial para com aqueles que se afastaram («vai à procura da ovelha extraviada...», Mt 18,12); a correcção fraterna («...ai corrigi-lo a sós», Mt 18,12); a oração em comum («se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que queiram pedir...», Mt 18,19); o perdão mútuo («até setenta e sete vezes...», Mt 18,22). O amor fraterno unifica todas estas atitudes: «Amai-vos uns aos outros como eu vos amei» (Jo 13,34).
b) Ao educar para este sentido comunitário, a catequese dará uma especial atenção à dimensão ecuménica, e encorajará atitudes fraternas para com os membros de outras Igrejas cristãs e comunidades eclesiais. Por isso, a catequese, ao procurar atingir esta meta, exporá com clareza toda a doutrina da Igreja Católica, evitando expressões que possam induzir ao erro. Favorecerá, além disso, « um bom conhecimento das outras confissões», com as quais existem bens comuns, tais como: «a Palavra escrita de Deus, a vida da graça, a fé, a esperança, a caridade e outros dons interiores do Espírito Santo». A catequese terá uma dimensão ecuménica, na medida em que saberá suscitar e alimentar «um verdadeiro desejo de unidade», feito não em vista de um fácil irenismo, mas em vista da unidade perfeita, quando o Senhor assim o desejar e através das vias que Ele escolher.
– A iniciação à missão
a) A catequese é igualmente aberta ao dinamismo missionário. Ela se esforça por habilitar os discípulos de Jesus a se fazerem presentes, como cristãos, na sociedade e na vida profissional, cultural e social. Prepara-os também a prestarem a sua cooperação nos diferentes serviços eclesiais, segundo a vocação de cada um. Este empenho evangelizador origina-se, para os fiéis leigos, dos sacramentos da iniciação cristã e do carácter secular de sua vocação. É também importante usar todos os meios disponíveis para suscitar vocações sacerdotais e de particular consagração a Deus, nas diversas formas de vida religiosa e apostólica e para acender no coração de cada um a vocação especial missionária.
As atitudes evangélicas que Jesus sugeriu aos seus discípulos, quando os iniciou na missão, são aquelas que a catequese deve alimentar: ir em busca da ovelha perdida; anunciar e curar ao mesmo tempo; apresentar-se pobres, sem posses nem mochila; saber assumir a rejeição e a perseguição; pôr a própria confiança no Pai e no amparo do Espírito Santo; não esperar outra recompensa senão a alegria de trabalhar pelo Reino.
b) Ao educar para este sentido missionário, a catequese formará ao diálogo inter-religioso, que pode tornar os fiéis idóneos a uma comunicação fecunda com os homens e mulheres de outras religiões. A catequese mostrará que os laços entre a Igreja e as outras religiões não cristãs são, em primeiro lugar, aqueles da origem comum e do fim comum do género humano, assim como também aqueles das múltiplas «sementes da Palavra», que Deus depôs naquelas religiões. A catequese ajudará também a saber conciliar e, ao mesmo tempo, a saber distinguir o «anúncio de Cristo» do «diálogo inter-religioso». Estes dois elementos, embora conservem a sua íntima relação, não devem ser confundidos nem considerados equivalentes. Com efeito, «o diálogo não dispensa da evangelização».
in Directório Geral para a Catequese (números 85 e 86)
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