O Ministério do Leitor #03


5.6 Felizmente foi esquecida e ultrapassada, e esperamos que para sempre, a restrição que aparecia nas edições anteriores da Instrução geral ao lugar da leitura, quando esta é feita por uma leitora.
Na nova edição, nem uma vez se faz qualquer distinção entre leitor e leitora. Todos são leitores, sem mais. Nada mais lógico e natural. A partir de agora, é do ambão, e sempre, que os cristãos e as cristãs fazem as leituras que lhes pertencem.
O ambão deve estar bem situado, para que o povo possa ver e ouvir os seus leitores.

«A dignidade da palavra de Deus requer que haja na igreja um lugar adequado para a sua proclamação e para o qual, durante a liturgia da palavra, convirja espontaneamente a atenção dos fiéis. Em princípio, este lugar deve ser um ambão estável e não uma simples estante móvel...
Do ambão são proferidas unicamente as leituras, o salmo responsorial e o precónio pascal... A dignidade do ambão exige que só o ministro da palavra suba até ele» (IGMR 309: cf. EDREL 555).

«Atenda-se a que os fiéis não somente possam ver... os leitores, mas também consigam ouvi-los comodamente, recorrendo aos meios da técnica moderna» (IGMR 311: cf. EDREL 556).


5.7 O óptimo é inimigo do bom. Seria óptimo que todos os membros de uma comunidade cristã pudessem, ao longo do ano litúrgico, ser leitores ou leitoras. Provavelmente nunca será possível. Basta pensar nos que não sabem ler, nas crianças e nos portadores de alguma deficiência, mais ligeira
ou mais profunda, presentes nas nossas reuniões dominicais.
Se nem todos podem ler, nada impede que um mesmo ministério seja distribuído por várias pessoas. É até melhor que assim seja. É preferível confiar várias leituras a outros tantos leitores ou leitoras, do que fazê-las ler todas pela mesma pessoa. Não apenas para assegurar a variedade de vozes, e evitar a monotonia, mas sobretudo para conseguir que a diversidade de ministros leve a descobrir o mistério da assembleia, composta de muitos membros, todos diferentes entre si, mas comungando numa só fé, que vem pela palavra, ainda que proclamada por vozes diferentes.
A nova Instrução traz uma restrição que as anteriores desconheciam, mas ainda bem que diz apenas que não é conveniente, ou seja, não diz que é proibido fazer o contrário. De facto, parece-nos que, pelo menos em certas celebrações mais festivas com jovens e crianças, poderá ser pastoralmente válido dividir uma leitura ou uma oração dos fiéis por vários leitores.

«Se estão presentes várias pessoas que podem exercer o mesmo ministério, nada obsta a que distribuam e desempenhem entre si as diversas partes desse ministério ou ofício. Por exemplo:... quando há mais que uma leitura, é preferível confiá-las a diversos leitores, e assim noutros casos. Mas não é conveniente, que vários ministros dividam entre si um único elemento da celebração: p. ex. a mesma leitura lida por dois, um após o outro, a não ser que se trate da Paixão do Senhor» (IGMR 109: cf. EDREL 354).


5.8 Quando forem muitos os serviços mas houver um só ministro capaz de os realizar, nada obsta que ele os assuma todos. No caso das leituras, quando não houver leitor idóneo, para as fazer, proclama-as o diácono, se estiver presente, ou o próprio sacerdote, se não houver diácono. A necessidade não conhece lei.

«Quando na Missa com o povo há um só ministro, este desempenha as diversas funções» (IGMR 110: cf. EDREL 355).

«Se não há leitor, é o próprio sacerdote que de pé proclama, no ambão, todas as leituras e o salmo» (IGMR 135: cf. EDREL 379).

«Se não estiver presente outro leitor idóneo, o diácono profere também as outras leituras» (IGMR 176: texto novo).


5.9 A presença de ao menos um leitor é de regra em qualquer Missa. Antes, chamava-se «típica» à celebração em que o sacerdote celebrante era assistido por um acólito, para servir, por um leitor, para ler, e por um cantor, para cantar.
Não nos parece mal que tal designação tenha desaparecido, pois pensamos que, chamar «típica» a uma Missa sem diácono, era simplificar demasiado as coisas e correr o risco de levantar problemas onde eles não existiam. Apesar de sabermos, por experiência, que a celebração sem diácono continua a ser a regra em quase todas as paróquias, não é proibido sonhar com o dia em que, pelo menos nas comunidades cristãs mais importantes, haja um diácono permanente.
Então acharíamos bem chamar de novo «típica» à celebração em que ele estivesse presente, não no sentido de celebração ideal, mas enquanto nela se tornava visível a totalidade do mistério e do ministério de Cristo: o seu sacerdócio real e ministerial (na assembleia e no presbítero), o seu ministério de servidor (no diácono e no acólito), a sua palavra de anunciador do Reino de Deus (no leitor), e a sua voz de cantor único do Pai (no cantor).

«Em qualquer celebração da Missa, estando presente um diácono, este deve desempenhar o seu ministério. Convém ainda que o sacerdote celebrante seja assistido normalmente por um acólito, um leitor e um cantor. O rito adiante descrito prevê, no entanto, a possibilidade de maior número de ministros» (IGMR 116: cf. EDREL 361).


5.10 Ao menos nos domingos e solenidades, a entrada do presidente da celebração e dos ministros ganharia em ser feita de maneira solene, mesmo nos casos em que a igreja se não preste muito para isso.
Na ausência do diácono, toma parte na procissão de entrada o primeiro leitor, que vai à frente do sacerdote e leva o Evangeliário um pouco elevado.
A assembleia, enquanto canta o cântico de entrada, deve voltar-se para a coxia central. Dessa forma, acompanhará com o olhar os que entram em procissão, mas, particularmente, poderá contemplar o Evangeliário, símbolo de Cristo Palavra, antes de escutar o Filho de Deus, quando o presidente proclamar a Boa Nova que Ele nos trouxe, de junto do Pai.
Ao chegar ao altar, o primeiro leitor saúda-o e depõe sobre ele o Evangeliário, indo depois para o seu lugar, no presbitério (se for leitor instituído), ou na nave, junto dos outros fiéis (se for leitor designado ou nomeado), pormenor que a Instrução não deveria ter omitido, por ser essa a prática mais habitual nas celebrações paroquiais, em que os leitores, como leigos que são, devem apresentar-se, de preferência, com as suas próprias vestes, e não de alva, cuja utilização é sempre facultativa para os ministros abaixo do diácono.

«Reunido o povo, o sacerdote e os ministros (...) encaminham-se para o altar por esta ordem: o turiferário (...), os ceroferários (...), os acólitos (...), o leitor, que pode levar o livro dos Evangelhos, um pouco elevado, e o sacerdote que vai celebrar a Missa» (IGMR 120: cf. EDREL 365).

«Na procissão de entrada, na ausência do diácono, o leitor, vestido com a veste aprovada, pode levar o Evangeliário um pouco elevado. Neste caso, vai à frente do sacerdote; se não, vai junto com os outros ministros» (IGMR 194: cf. EDREL 431).

«Chegando ao altar, faz com os outros uma inclinação profunda. Se leva o Evangeliário, sobe ao altar e sobre ele depõe o Evangeliário. Depois ocupa o seu lugar no presbitério, junto com os outros ministros» (IGMR 195: cf. EDREL 432).

«Os leitores... podem vestir a alva ou outra veste legitimamente aprovada pela Conferência Episcopal em cada região» (IGMR 339: cf. EDREL 584).


in O Ministério do Leitor
Secretariado Nacional de Liturgia




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