João Paulo II e Francisco - Uma coincidência de Abril
Foi em abril.
Abril, esse mês onde a luz começa a vencer os últimos restos do inverno.
Abril, o mês que aprende a dizer adeus com flores a abrir nas árvores.
Abril, o mês em que João Paulo II e Francisco partiram.
Vinte anos e dezenove dias a separar os dois silêncios.
João Paulo II.
O corpo curvado pelo tempo, a alma feita de ferro e de oração.
Um homem que atravessou a história como quem caminha dentro de um incêndio - sem fugir, sem se esconder.
As multidões gritavam o seu nome, mas ele escutava mais alto a voz de Deus.
Morreu a 2 de abril.
Naquela tarde, o mundo ficou um pouco mais quieto.
A sua mão, que já tremia, descansou.
E, ao longe, ouviu-se a palavra misericórdia.
Francisco.
Outro homem, outro gesto.
Menos muralha, mais abraço.
Era o papa dos gestos pequenos, dos sorrisos com rugas, das palavras que desarmavam.
Tinha nos olhos uma espécie de cansaço belo, como quem carrega o peso de todos os pobres.
Partiu a 21 de abril.
E a sua ausência foi um vento a passar nas folhas.
Leve, mas impossível de ignorar.
Dois papas.
Duas vidas feitas entrega.
Ambos em abril, como se Deus os tivesse chamado na mesma estação, para que o céu se enchesse do perfume da sua fidelidade.
Vinte anos entre um e outro e ainda assim, tão próximos.
Na memória.
Na fé.
No silêncio onde agora habitam.
Abril, depois disto, já não será só primavera.
Será também saudade e gratidão.
Será também oração.
Natália Matos
Catequese e Família
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