O Conclave, passo a passo
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MAURIX/Gamma-Rapho via Getty Images |
O Conclave é o processo através do qual é eleito um novo Papa da Igreja Católica. A palavra conclave vem do latim cum clave, que significa “com chave”, referindo-se ao facto de os cardeais eleitores ficarem trancados até escolherem o novo pontífice. O conclave só pode ter início passado 15 dias da morte do Papa. Pode, porém, esperar-se, no máximo, até ao 20.º dia, caso alguns cardeais não estejam ainda em Roma.
Existe um ritual que dá início ao Conclave. Logo na primeira manhã os cardeais celebram uma missa na Basílica de São Pedro. Trata-se de uma cerimónia chamada de “Missa Pro Eligendo Papa”. À tarde, encontram-se todos na Capela Paulina e vão juntos para a Capela Sistina. De um local para outro deslocam-se em procissão e a cantar o hino da Igreja Católica ao Espírito Santo (Veni Creator).
Eis os passos para a eleição de um novo Papa:
📌 1. Sede Vacante
O Conclave só ocorre quando a Sé Apostólica está vazia (Sede Vacante), seja por falecimento do Papa ou por renúncia (como aconteceu com Bento XVI em 2013).
- O Colégio Cardinalício assume a governação da Igreja, mas só para os assuntos de administração ordinária.
- Todas as decisões importantes são suspensas até à eleição de um novo Papa.
Fonte: Constituição Apostólica Universi Dominici Gregis (UDG), João Paulo II, 1996
📌 2. Convocação dos Cardeais
- Todos os cardeais com menos de 80 anos (os cardeais eleitores) são convocados para participar na eleição. Temos seis cardeais portugueses em Roma. Quatro são eleitores: António Marto, Manuel Clemente, Tolentino de Mendonça e Américo Aguiar.
- Reúnem-se em Roma e participam nas chamadas Congregações Gerais para tratar dos preparativos.
Fonte: UDG, n.º 33 e 37
📌 3. Encerramento do Conclave
Os cardeais são trancados na Capela Sistina (ou noutro local adequado) e não podem ter qualquer contacto com o exterior.
É feito um juramento de segredo absoluto:
“Sobretudo prometemos e juramos observar, com a máxima fidelidade e com todos, tanto clérigos como leigos, o segredo acerca de tudo aquilo que, de algum modo, disser respeito à eleição do Romano Pontífice e sobre aquilo que suceder no lugar da eleição, concernente direta ou indiretamente ao escrutínio”
Fonte: UDG, n.º 48 - 55
📌 4. Eleição
- São feitas votações secretas. Cada cardeal escreve o nome do candidato escolhido num boletim.
Cada cardeal recebe uma ficha de papel de forma retangular onde está escrito na parte superior “Eligo in Summum Pontificem” (“Escolho para Sumo Pontífice”). Já a parte inferior está em branco, sendo o local onde cada um escreve o nome do escolhido. Depois de se distribuírem as fichas de papel pelos cardeais, um a um vai até ao altar, onde está a urna. As fichas são dobradas duas vezes e colocadas na urna, onde são todas misturadas. Depois contam-se e apuram-se os votos. Antes de se iniciar a votação são escolhidos, à sorte, três cardeais que irão ficar responsáveis pela recolha e contagem dos votos (chamados de escrutinadores). São também selecionados outros três para confirmar esta contagem (chamados de revisores) e outros três ainda para recolherem os votos dos cardeais doentes que não se podem deslocar até à urna.
- São necessárias 2 votações de manhã e 2 à tarde (4 por dia).
- Para ser eleito Papa, o candidato precisa de 2/3 dos votos.
Fonte: UDG, n.º 62 - 66
📌 5. Fumo Preto ou Branco
- Os boletins são queimados após cada votação.
- Fumo preto (misturado com produtos químicos) significa que não houve eleição.
- Fumo branco significa que um novo Papa foi eleito.
Fonte: Vaticano News e UDG, n.º 70
📌 6. Aceitação do Eleito
- O candidato eleito é questionado: "Aceitas a tua eleição canónica como Sumo Pontífice?"
- Se aceitar, é imediatamente o novo Papa, mesmo antes da proclamação pública.
Fonte: UDG, n.º 87
📌 7. Escolha do Nome
- O novo Papa escolhe o nome pelo qual será conhecido.
- Em seguida, troca de vestes e é conduzido à Sala das Lágrimas para se preparar.
📌 8. Proclamação e Primeira Bênção
- O Cardeal Protodiácono anuncia ao povo na Praça de São Pedro:
"Habemus Papam!" (Temos Papa!)
- O novo Papa aparece na varanda da Basílica de São Pedro e dá a sua primeira bênção:
Urbi et Orbi (à cidade e ao mundo).
Fonte: UDG, n.º 89
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