A lógica do amor sem fronteiras
Este amor radical, que transcende as barreiras do ódio e da vingança, é a expressão mais pura da misericórdia divina. Deus ama sem distinção, faz chover sobre justos e injustos, acolhe com bondade até os ingratos e os maus. É a este amor que somos chamados, um amor que não procura recompensa nem age por interesse.
«Se amais aqueles que vos amam, que agradecimento mereceis?» Esta pergunta de Jesus recorda-nos que a verdadeira grandeza cristã manifesta-se quando conseguimos amar para além dos laços naturais e das afinidades. O amor cristão é um amor gratuito, que não se mede pela reciprocidade, mas pela generosidade de coração.
Jesus convida-nos também a uma atitude de despojamento e confiança: dar sem esperar receber, oferecer a outra face, não reclamar o que nos tiram. Não se trata de passividade ou resignação, mas de uma liberdade interior que nos torna senhores das circunstâncias. Quem age assim não está à mercê do mal, mas vence-o com o bem.
A promessa de Jesus é clara: «A medida que usardes com os outros será usada também convosco». O amor, a misericórdia e o perdão que dispensamos aos outros são a medida com que seremos julgados por Deus. Somos chamados a ser misericordiosos como o Pai, que a ninguém recusa a sua bondade.
Esta passagem desafia-nos a mudar a nossa maneira de pensar e de agir. Perante as ofensas, os conflitos e as injustiças do dia a dia, qual é a nossa resposta? Guardamos ressentimentos ou escolhemos perdoar? Desejamos vingança ou procuramos a reconciliação? Agimos apenas em nosso interesse ou damos generosamente sem esperar retorno?
O cristão é chamado a ser sinal do amor de Deus no mundo. Isso exige coragem, fé e uma profunda confiança na justiça divina. Que o Espírito Santo nos conceda a graça de viver este Evangelho na nossa vida quotidiana, para que, amando como Jesus nos amou, nos tornemos verdadeiramente filhos do Altíssimo.
João do Carmo
Catequese e Família
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